O contrato assinado em 2012 e que permite, de certa forma, empresas interferirem na convocação da seleção brasileira, mostra que para treinar a equipe nacional não basta estar entre os melhores técnicos. É preciso também ter estômago para digerir tal intromissão.
Como mostrou reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” neste sábado, a CBF precisa comunicar os grupos International Sports Events (ISE) e Pitch International sobre os jogadores convocados para os amistosos do time nacional com o prazo máximo de 15 dias de antecedência. Se os melhores não estiverem na relação, a CBF pode perder 50% da cota referente ao jogo. Para isso não acontecer precisa provar que os desfalques foram por problemas médicos e substituir os ausentes por atletas que tenham o mesmo potencial de marketing e reputação, além de similar condição técnica.
Ou seja, em tese, para a coisa funcionar o treinador tem que aceitar mudanças em suas convocações determinadas pelos dirigentes para que a entidade não perca dinheiro. E não é levado em conta só o desempenho do jogador em campo.
Será que todos treinadores aceitam esse controle? Difícil. Ainda mais aqueles que estão no auge da carreira e têm apoio popular.
Saber da existência dessa cláusula muda a forma de se enxergar não só as contratações de treinadores da CBF, mas convocações da seleção brasileira. Um astro veterano que não viva seus melhores dias e que volte a vestir a camisa amarela terá, a partir de agora, que conviver com essa desconfiança: será que foi chamado só para atender aos interesses dos parceiros da confederação?
E como ficam jogadores que estão voando em campo e são esquecidos? Acontece direto, mas não costuma dar muito falatório.
Porém, a partir de agora isso deve mudar. O fator contrato passa a fazer parte das análises das listas de atletas chamados. Em outras palavras, você, provavelmente, nunca mais vai ver as convocações da seleção brasileira com os mesmos olhos. Pelo menos eu não vou.
Matéria publicada pelo Portal Uol
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